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2003 em Retrospectiva


Enquanto um novo ano se inicia, cheio de esperanças e promessas, devemos
lembrar alguns fatos que foram marcantes no ano que passou, ou seja,
realizar uma espécie de balanço, algo que já se tornou um hábito neste
espaço. Traçamos uma retrospectiva de 2003, da mesma forma que lançamos
algumas perspectivas para 2004. Quando o ano que passa iniciava, brasileiros
mais eufóricos assistiam entusiasmados e chegada de Lula ao poder, enquanto
alguns mais céticos e menos movidos pela emoção, enxergavam o mesmo fato com
certa cautela. Na esfera internacional o foco se dirigia ao Iraque do agora
antigo ditador Saddam Hussein. Os americanos endureciam contra o regime de
exceção de Bagdá, que parecia estar com os dias contatos.

Entretanto, o ano que passou foi eivado de outras notícias e fatos que
marcaram o Brasil e o mundo. Uma das principais foi a comemoração do Jubileu
de Prata do pontificado de João Paulo II. O Sumo Pontífice, no ocaso de seu
papado, convive com o Mal de Parkinson, além de outros problemas de saúde.
Tal fato levou ao início das especulações no Colégio de Cardeais sobre o
futuro sucessor do chefe da Igreja Católica. Contudo, Karol Wojtila, o
primeiro não- italiano a ocupar o posto, pode ainda influenciar fortemente
na escolha daquele que irá sucede-lo. De qualquer forma, este pontificado já
deixou sua marca na história frente a dinâmica que João Paulo II imprimiu ao
cargo.

Em 2003 infelizmente perdemos Sérgio Vieira de Melo. Talvez o maior
especialista em relações internacionais do Brasil, que curiosamente não era
um diplomata de carreira do Itamaraty. Sérgio preferiu seguir longe da casa
diplomática brasileira, diretamente para as Nações Unidas. Desenvolveu
trabalhos excepcionais em países como Moçambique, Líbano, Camboja, Timor
Leste, Bangladesh, Sudão, Chipre, Kosovo, entre outros. Ao contrário de
muitos em sua profissão, não brigava por altos postos para viver as benesses
da vida diplomática em Londres, Nova Iorque, Paris ou Roma. Sérgio não tinha
medo de enfrentar missões difíceis em países destroçados, sem
infra-estrutura, muitas vezes em conflito. Por ser um ótimo político e
negociador, era admirado pela administração republicana da Casa Branca e
especialmente na ONU. Logo, Sérgio era o elo mais seguro, e talvez o único,
para guiar a situação no Iraque, reconstruindo relações que haviam se
desgastado no período anterior ao conflito. Sérgio, Alto Comissário para
Direitos Humanos da ONU, foi mais uma vítima do terrorismo internacional e
sua perda deve ser mais um motivo para se continuar a luta contra este
grande mal.

No que tange ao Iraque, o ano que passou foi o da esperada libertação do
país, bem como da prisão do ditador Saddam Hussein. Em uma campanha militar
arrasadora, os Estados Unidos tomaram Badgá em 21 dias. O povo, assim como
depois da captura do ditador, comemorou nas ruas o fim do regime de terror
de Saddam. O mundo assistiu aos embates pré-conflito no Conselho de
Segurança das Nações Unidas, e depois veio a saber as reais razões de
França, Rússia e China em se opor à libertação do Iraque: contratos de
exploração de petróleo na ordem de US$ 41 bilhões com o regime de Saddam.
Contudo, enfrentando os falsos pacifistas, os Estados Unidos cumpriram a
missão de libertar o Iraque. As armas de destruição em massa, escondidas
pelo ditador, não tardarão a aparecer, especialmente depois de sua captura.
A economia americana voltou a crescer, animando os mercados mundiais. Parece
que o corte de impostos realizado por Bush injetou combustível no consumo. O
PIB cresceu 8,2% em termos proporcionais no terceiro trimestre do ano e o
desemprego já apresenta sinais de queda. Ainda nos EUA assistimos a vitória
de Arnold Schwarzenegger para o governo da Califórnia com o seguinte slogan:
"Se você precisa de heróis, procure por Friedman e Smith", mostrando sua
clara convicção nas políticas de livre-mercado.

Além de Sérgio, o mundo perdeu diversas personalidades importantes, como o
cineasta Elia Kazan, a magnífica diva do jazz Nina Simone, a atriz Katharine
Hepburn, os atores Charles Bronson, Gregory Peck e José Lewgoy, o dramaturgo
Mauro Rasi, o jornalista Roberto Marinho, o político José Richa e a
escritora Rachel de Queiróz, entre tantos outros que deixam saudade.

O governo Lula teve uma atuação pífia, especialmente no que tange a política
externa. No âmbito econômico, foi mais austero que nos tempos de FHC. Na
área social, os escândalos da ministra Benedita da Silva e o amadorismo do
Fome Zero mostraram que o PT chegou ao poder sem projeto definido. As
reformas tributária e da previdência caminharam no Congresso, mas a um custo
que o governo ainda deverá pagar em 2004. A falta de sintonia da imensa
equipe ministerial de Lula é cristalina. O governo ainda deve mostrar a que
veio em 2004.

Por tudo isso, esperamos um 2004 melhor, em que o Brasil deixe a estagnação
e alcance a prosperidade, especialmente mediante políticas que abram a
economia para a competição e que o mundo encontre mais segurança,
especialmente com a diminuição do terrorismo. Enfim, que 2004 seja o ano da
liberdade, nos mais diversos aspectos.
_________________________________
Artigo redigido em 04.01.2004
Em Brasília, DF.

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